quarta-feira, 30 de maio de 2012

A gente sempre volta

A gente pode até brigar,
Melhor se conhecer,
Se distanciar
E não se ver.
A gente pode até discutir,
Se ocupar de outras formas,
Pode parar de rir
E caminhar só por linhas tortas.
A gente pode ocultar o papo reto,
Dizer coisa não pensada,
Negar contato direto
E topar, e topar, e topar na estrada.
Mas sei que a gente volta.
A gente volta sempre.
O orgulho a gente solta.
A gente volta sem presente.
A gente já brigou.
Ainda vamos brigar.
Só que ninguém ainda ousou
Isso um ao outro falar.
A gente pensa igual
Na ida, na volta
Brigar não é nosso mal
Porque a gente sempre volta

domingo, 27 de maio de 2012

Mechas do teu cabelo

Minhas mãos pedem,
Às vezes suplicam por
Estarem em teu cabelo
Acariciando, modelando-o

Mechas que só faltam falar
São como ondas que se quebram
Só pra mim, talvez sim,
Mas apenas se fecham

Não o comparo com outro
Porque o teu tem mechas escuras
As vezes que já me encantei são inúmeras

Filósofos encontrariam a resposta
Se existe realmente um Deus
Quando olhassem pra ti, pros cabelos teus

terça-feira, 15 de maio de 2012

Sexta à noite

Pelo simples fato de ser sexta, já fico feliz. Tem o futebol com os amigos da vila, alguns filmes legais na minha nova tv por assinatura e o churrasco na vizinha, mas, hoje, o plano é outro. Ligo pra ela pra confirmar o horário do nosso encontro de logo mais. Mentira, ligo porque estou com saudade. Por fim, cedo: realmente prefiro sair com ela a qualquer outra coisa. E isso eu não digo a ninguém, especialmente a ela. É coisa minha. Da mesma forma que é típico dela sempre chegar muito atrasada. Marquei às dezenove horas, ela chegou às vinte. Ela me beija, inventa uma desculpa que eu nem pretendia saber e honestamente me conquista novamente. Estamos no shopping, ele está lotado e num clima legal. Nós gostamos de movimentação, às vezes. Como curtimos as mesmas músicas, os mesmo filmes e também os mesmo livros, fica fácil nos ocuparmos. Antes que o filme comece, temos tempo de comprar um livro e um cd, ambos lançamentos que ela tanto esperava. Na verdade, nós dois (segredo meu). Não sei por que ainda assisto filme de terror com ela. Ela me morde, me aperta e ainda grita no meu ouvido. É tão doloroso. Mas, também é engraçado. É viciante. É excitante. O filme acaba e nela vejo um sorriso. De luzes apagadas, ainda dá tempo para um beijo demorado, até que a senhora ao nosso lado nos pede licença para passar. Ela sorri, eu a acompanho. Em outro dia eu iria levá-la pra casa, mas é sexta, hoje não temos pressa. Não tenho carro, tenho uma moto. Com prudência ou sem, gosto de correr na estrada. E ela me aperta mil vezes mais do que durante o filme de terror. Mas, quando chegamos à praia, tudo se tranquiliza. O vento me inspira, faço um verso, faço outro, construo uma rima fatal e ela me abraça. Não é noite de lua cheia, mas tem estrelas. E mesmo me sentindo um, não sou herói. Portanto, levo-a pra casa, antes que algo de ruim aconteça. Mas, é questão de cautela, não medo. Ela está muito sonolenta, por isso só me dá um beijo, um abraço forte e um tchau. Minha sexta-feira foi assim. Não são todas iguais, claro. Mas, poderiam ser. Nos meus sonhos são. Não me importaria de viver por ela. Na verdade, nos meus sonhos todo dia é sexta-feira. E, nos meus sonhos, todas as sextas-feiras são assim.

domingo, 13 de maio de 2012

Eu cresci e você não percebeu

Eu durmo cedo. Estudo mais. Estudo, larguei o skate no canto do quarto. De vez em quando eu toco violão, mas não é regra. Não sei se isso é se dar o valor, mas eu não corro mais atrás de ninguém. Eu ainda vou a festas, bebo menos, a responsabilidade agora mora em mim. Não sei se fiquei chato, mas cresci. Digo que cresci porque me sinto forte. Mesmo forte, sei que posso cair a qualquer momento. Durmo menos, penso mais. Passei por três fases até agora: momento de sentir ódio, momento de não sentir nada, momento de sentir saudade. Pensei tanto que agora tenho mais idade. Senti ódio quando me vi sozinho depois de tanto tempo junto a ti. Esqueci de tua existência quando conheci coisas novas. Mas, senti saudade quando percebi que nada novo é melhor que o nosso velho papo, o nosso incomparável sossego. Eu não sei o que o futuro nos vai proporcionar. Se agora cresci, preciso esquecer a ideia de brigar. Existem coisas que vão sempre estar comigo, tipo: ansiedade, medo, inconstância, positividade, fraternidade, religiosidade e até o dom da imaginação. Você precisa entender. Vou sempre preferir um cantinho na praia ou um filme de comédia romântica, mas ainda assim vou mudar. Vou crescer. Tomei decisões, escolhi caminhos. Mas, cresci, vou crescer mais e os planos terão que ser mudados. Sonhos de adolescente não serve mais pra mim. Tudo bem que meu sonho não era lá grande coisa. Mas, vou mudá-los. O problema é que você era esse meu sonho de menino, tipo, você sabe, ter um dia só pra nós, fazer compras e assistir um filme. Sempre pensei como homem e agi como mulher. Você sorri sempre com isso. Mas, vou mudar meus sonhos. Meus caminhos são outros. Talvez até seja rico, pobre, feliz, infeliz, solitário, bem acompanhado, charmoso ou extravagante demais, mas, eu quero crescer, viver para ver. Do antigo já cansei, de sonhos bobos já deu. Eu cresci e só você não percebeu.


sexta-feira, 11 de maio de 2012

Coisas tuas

Do sol eu sinto o calor
Do mar sinto o frescor
De ti recebo o sorriso
Que elimina toda dor

Das nuvens me vem a esperança
Do vento me vem lembrança
Da música vem a melodia
Que compõe a nossa dança

Das ondas, das montanhas
De um dia de neblina
Tudo misturado em façanhas
Como a ressurgência cristalina

Do tempo absorvo a maturidade
Do teu colo recebo carinho
Da distância tiro ansiedade
E do meu coração some um espinho

Do primeiro ao último beijo
Férias de verão ou inverno
Do coração vem o desejo
De te ter como amor, 
Como amor eterno

terça-feira, 8 de maio de 2012

Velhos mistérios

Existe algo que nos prende
Mais forte que a saudade
Decerto não é maldade
Um quê de insuficiente...
Mas existe algo que nos prende
Pra saber precisa ser inteligente
Pensar mais que o suficiente
E entender o poder da mente
Porque existe algo que nos prende
E eu quero saber
Os segredos descobrir
Quero entender
E depois dormir

quarta-feira, 2 de maio de 2012

Andando de skate

De bermudão e um tênis novinho
Coloco no ouvido o som do armandinho
Sem prévia, sem aquecimento
Fico preparado pra cair sobre qualquer cimento
Porque o que vale é a diversão
Adrenalina, loucura, é assim a sensação
Cair não é bom
Levantar é difícil
Mas, não esquenta se não tem dom
Porque te garanto que não é impossível
Enquanto isso eu vou descendo a minha lomba
Olhando as gatinha, curtindo a vizinha
E voando como uma pomba
Ou outro pássaro qualquer
Eu ando pra sorrir, por consequência vem mulher
O dia demora a cair
E sempre olho o sol partir
O cansaço não se faz presente
Às vezes ser jovem é suficiente
Seguro meu skate, 
É hora de pra casa ir
Pelos cantos da rua eu vou
Uma última manobra dou
Mas, sempre sem me distrair